São as águas de março fechando o verão.

O outono está chegando!
Vou recebê-lo de braços abertos, minha estação preferida! Não há nada como uma manhã de outono!!
Vou passar essa estação na calmaria...Vou ficar lendo meus livros, aproveitando a boa cia do Chopp, curtindo meus familiares e amigos....Quero curtir cada momento e que ela demore bastante a passar, como uma bossa nova para os ouvidos... Vou caminhar devagar, saboreando cada instante... A sabedoria do peregrino consiste - não em chegar depressa ao seu destino -, mas em apreciar as belezas do caminho...
Prossigo, relembrando os melancólicos outonos que já vivi...As diferentes primaveras que vivenciei - ternas, intensas, fortes, coloridas...E os verões...Quantos verões ardentes, sedentos, apaixonados...E novas reflexões me vêm à mente.
Já fui fã de verão e confesso que ainda não deixei de gostar da estação mais quente e fervorosa do ano, porém, de uns tempos pra cá fui completamente envolvida pela magia do outono.
O Sol brilha de um jeito especial, uma luz que aquece, que aconchega, que chama junto. Ao mesmo tempo, a sombra oferece um convite para tirar o casaco da bolsa. As árvores ficam lindas, o chão mais ainda, espalhado por folhas amarelas, como um verdadeiro tapete urbano. O inverno ainda não deu as caras, que apesar de ser curto no Brasil, às vezes ele não perdoa. No outono a brisa beija o rosto, o ar fresco está por todos os lados e o Sol....Ah...o Sol....Que magia! Que coisa mais linda!! No outono ele fica especialmente lindo....querendo furar as frestas das árvores com seus raios tímidos e acolhedores...
As folhas de outono...nas árvores, nos ares, no chão...Folhas de outono, em sua derradeira e incomparável glória, exalando um aroma adocicado, de flutuante despedida.

A folhinha, finalmente, repousa sobre o chão.

De repente, não a percebo mais; ela misturou-se aos infinitos outros pontos amarelos do chão de outono... entregou-se a seu inevitável destino de participar do processo de transformação da natureza, para um dia retornar em alguma paisagem, como a lembrar-me que...

...a vida se move em ciclos de fazer e desfazer, que sentimentos arrefecem, que ardentes paixões esfriam, que toda glória é efêmera...que os ciclos favorecem o renascer da esperança -– e esse, sim, é duradouro... é eterno em todos os corações humanos...